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SONORA COLETIVA

“Entender e explicar o Brasil não é para amadores”, nos acostumamos a ouvir essa máxima a respeito de nosso país e do seu povo. Talvez, só mesmo alguém com a experiência e o conhecimento acumulados em anos de intensas atividades no meio musical, no mundo acadêmico e na produção literária nos ajude a responder como importantes expressões de nossa cultura podem lançar uma luz sobre esse enigma chamado Brasil. Tal foi o desafio a que se propôs desde sempre o pianista, compositor e professor de literatura brasileira da Universidade de São Paulo e ensaísta José Miguel Wisnik.

 

Ele é autor de obras seminais nessas três áreas, como O Coro dos Contrários - a Música em Torno da Semana de 22 (1977), O Nacional e o Popular na Cultura Brasileira (1982),Veneno Remédio: O Futebol e o Brasil (2008), Machado Maxixe: O Caso Pestana (2008) e Maquinação do Mundo: Drummond e a Mineração (2018). Nesta quinta-feira (03), às 19h, a Sonora Coletiva, da Revista Coletiva, recebe o autor para um bate-papo no Canal multiHlab, no YouTube.

 

Participam também da conversa os pesquisadores Allan Monteiro, Cristiano Borba e Túlio Velho Barreto, responsáveis pelo canal experimental multimídia Sonora Coletiva e pelo Núcleo de Imagem, Memória e História Oral (NIMHO), do Centro de Documentação e de Estudos da História Brasileira (Cehibra). “Essa será uma grande oportunidade para conversar sobre a produção cultural no Brasil e sua contribuição para a nossa identidade nacional, o que nos ajuda a entender e explicar o país”, afirma Velho Barreto.

 

Ele aponta que a live pretende contribuir para a difusão do pensamento e da produção científica e cultural brasileiras, sendo este exatamente o propósito da revista eletrônica Coletiva e de sua sessão Sonora Coletiva, promotora do evento. Na live, José Miguel Wisnik vai se reportar ao debate em torno da importância da canção popular ao longo do século passado e às ideias expostas pelo estudioso e crítico musical José Ramos Tinhorão ao jornal Folha de São Paulo, em 2004, quando se reportou ao que chamou de “fim da canção”.

 

Foi tal ideia que levou o compositor e cantor Chico Buarque, também naquele ano e no mesmo jornal, afirmar que “talvez a canção, tal como a conhecemos, seja um fenômeno do século 20. No Brasil, isso é nítido”. Reconhecendo a relevância da canção popular na construção de nossa identidade nacional, Wisnik tem se proposto, ao lado do músico e compositor Arthur Nestrovski, a analisá-la nesse contexto em aulas shows e nas várias temporadas do programa O Tempo e a Música, do canal pago ARTE1.

 

Da mesma forma, Wisnik tem feito esforços no sentido de desvendar como as mudanças ocorridas no Brasil, ao longo das últimas décadas, têm nos levado a pensar, e, muitas vezes, a aceitar que o nosso mundialmente conhecido, respeitado e vitorioso “futebol arte”, apesar de tão associado à identidade nacional, parece ter se esgotado. E, no contexto da literatura, Wisnik tem nos instigado a refletir, a partir da obra de Carlos Drummond de Andrade, como a exploração de nossas riquezas naturais, como o minério de ferro e suas consequências, por exemplo, tem transformado literalmente a paisagem natural do país, outro traço marcadamente conhecido da identidade nacional. Nesse caso, tomando como exemplo, os acontecimentos das cidades de Itabira (em que Drummond nasce), Mariana e Brumadinho, e suas populações, com enfoque na poesia e nas crônicas do autor mineiro.

 

 

SAIBA MAIS:

SONORA COLETIVA é o canal experimental multimídia da revista eletrônica de divulgação científica Coletiva, publicada pela Fundação Joaquim Nabuco. Sediada em Recife, disponibiliza dossiês temáticos com uma perspectiva de diálogo entre saberes acadêmicos e outras formas de conhecimento, prezando pela diversidade sociocultural e liberdade de expressão. É voltada para um público amplo, curioso e crítico. O projeto integra o Mestrado Profissional de Sociologia em Rede Nacional (ProfSocio), o Laboratório Multiusuários em Humanidades (multiHlab) e a Villa Digital, envolvendo ainda as Diretorias de Formação Profissional e Inovação e de Pesquisas Sociais.


 

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