top of page

Conferência e mesas de trabalho são destaque da VII edição da Jornada de Estudos das Infâncias

  • Foto do escritor: Marcela de Aquino
    Marcela de Aquino
  • 8 de out. de 2024
  • 4 min de leitura

Pesquisas do mestrado e do GPIEDUC tratam sobre as telas e o desenvolvimento infantil saudável 


Por Marcela de Aquino


Conferência de abertura: “Infâncias em (na) rede: Impactos da hiperconectividade e da desconexão de tempos e espaços”, com Flávia Peres (UFRPE)

A VII Jornada de Estudos das Infâncias movimentou o campus de Casa Forte na Fundação Joaquim Nabuco entre os dias 01 e 02 de outubro, com o tema "Infâncias em rede: Impactos da hiperconectividade e a desconexão de tempos e espaços". O evento foi promovido pelo Grupo de Pesquisas Infâncias e Educação na Contemporaneidade: estudos interdisciplinares/GPIEDUC, coordenado pelas pesquisadoras Patrícia Simões e Juceli Bengert.


A atual edição da Jornada faz parte da programação dos 10 anos do Programa de Pós-Graduação em Educação, Culturas e Identidades (PPGECI), coordenado pela professora e pesquisadora da Fundaj Cibele Rodrigues. 


Para abrilhantar a abertura do evento, o grupo “Vitalinas” do Conservatório de Pernambucano de Músicas apresentou um repertório com ritmos nordestinos que ecoou na sala Calouste Gulbenkian nas vozes do público presente.

  

A conferência de abertura foi proferida pela professora da Universidade Federal Rural de Pernambuco Flávia Peres que abordou a temática central do evento, retratando a vulnerabilidade das atuais infâncias em decorrência do uso das tecnologias digitais. A partir de uma perspectiva decolonial, ela defende novos modelos possíveis de desenvolvimento infantil com integração da natureza a partir de “vivências corporificadas”. “O distanciamento de uma condição corporificada que nos permite sentir é possível através do desenvolvimento virtual que nos faz desconectar do espaço ao estar nas redes”, explica Flávia ao criticar o modelo degradado da natureza e do lazer nos centros urbanos. 


A pesquisadora – que estuda a responsividade ética e produção de sentidos com TDICs – ressaltou que a memória biocultural é estimulada com as dimensões corpo, território e vida. Nos tempos contemporâneos, disse ela, essas memórias estão sendo perdidas com o avanço da técnica. “A importância da discussão está sobre a lógica social dessas tecnologias e não apenas sobre uma ética dos usos”, defendeu, que compreende a importância de transformação do modelo socioeconômico capitalista em que essas ferramentas vêm sendo empregadas para o consumo e sem levar em conta as necessidades infantis.



O distanciamento de uma condição corporificada que nos permite sentir é possível através do desenvolvimento virtual que nos faz desconectar do espaço ao estar nas redes

“Não se trata de negar o acesso à tecnologia, mas oferecer também vivências atraentes que saiam dos emparedamentos”, comentou Flávia, que acrescentou que as tecnologias digitais podem cumprir outro papel: a formação de subjetividades cidadãs. Mas para isso, ela defende a regulação sobre o uso das redes, inclusive, diante da plataformização dos dados sensíveis de crianças e com a responsabilidade com as telas compartilhadas entre familiares e educadores.


Ainda na manhã do primeiro dia, foram apresentados estudos sobre as políticas de Educação Infantil, por Nara Araújo e Dayse Mesquita que destacaram a importância não só do acesso mas da qualidade nessa etapa do Ensino. Outro tema de destaque foi A importância da brincadeira e do lúdico no desenvolvimento saudável da criança também enfatizado pelas organizadoras, as pesquisadoras Patrícia Simões e Juceli Lima.



O brincar e as tecnologia digitais marcam a manhã do segundo dia da VII Jornada de Estudos sobre as Infâncias 





No segundo dia (02/10), pela manhã, a Jornada contou com mesas de debate ao redor  do tema Infância e Desenvolvimento, discutindo o brincar e sua relação com as tecnologias digitais e o processo de agência dos bebês durante seu desenvolvimento. Os trabalhos foram apresentados pelos bolsistas e egressos do PPGECI e do GPIEDUC e focaram no uso crítico das telas e no respeito ao desenvolvimento dos sujeitos de direitos que são a criança e o bebê. 


Convidando os participantes a experienciar o “ser criança”, o evento iniciou com a vivência sensorial coordenada por Adriana Maria da Silva Assunção e sua filha, Lua Assunção. A atividade promoveu alongamento e brincadeiras de forma lúdica. “É importante revisitar nossa criança interior e, se puder, recorrer aos [pequenos] mestres,” afirma Adriana. 


Na primeira mesa sobre tecnologias, a reflexão a que chegou a egressa Maria das Graças da Silva Lins Manzi em sua dissertação Concepções das Professoras de Educação Infantil e dos Familiares sobre a Dimensão do Lúdico na Infância foi que as crianças têm interagido pouco entre elas fora da escola e a inserção no mundo digital acontece de forma precoce. Baseada nos relatos de familiares, Maria concluiu a importância do espaço escolar no acesso às brincadeiras para o desenvolvimento infantil. 


Para a pesquisadora da Fundaj Patrícia Simões, uma das idealizadoras da Jornada, “há uma ressignificação dos elementos do mundo adulto em suas culturas infantis” durante as brincadeiras em que objetos se transformam em celulares ou tablets.


Há uma ressignificação dos elementos do mundo adulto em suas culturas infantis

O evento contou também com uma “mesa dos bebês” trazendo  discussões recentes que reivindicam o protagonismo e a agência do sujeito desde tenra idade, repercutindo a inserção do  desenvolvimento dos bebês na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Essa visibilidade perpassa as maneiras como os bebês agem diante de situações de conflito e cuidado, a subversão na brincadeira livre, sem regras e mediação do adulto foi destaque no trabalho Repercussões da pandemia: o que emerge dos bebês em seus modos de ser e estar, da egressa Emília Juliana Correia do Nascimento.  



A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação da revista Coletiva e da autoria do texto.



Comments


APOIO
LABJOR/UNICAMP
REALIZAÇÃO
régua_de_marca_page-0001-removebg-preview (1).png
bottom of page